Inteligência artificial e regressão mimética: algumas palavras sobre um comercial da Volkswagen

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Pedro Hussak van Velthen Ramos

Resumo

Trata-se de uma análise do comercial da montadora Volkswagen em que a cantora Maria Rita faz um dueto com sua mãe, Elis Regina, ressuscitada graças à ação da inteligência artificial (IA). A hipótese central é que toda a polêmica em torno da peça publicitária, travada em grande medida nas redes sociais, está ancorada no fato de que há uma escolha estética nomeada aqui de regressão mimética de modo que todas as críticas à utilização da IA nesse caso ressoam as críticas que Platão faz à mímesis no livro X d’A República. O desenvolvimento do artigo faz uma discussão com autores contemporâneos, em particular Jean Baudrillard e Bernard Stiegler, que mobilizam, cada um a seu modo, o arcabouço conceitual platônico para pensar a situação da imagem na contemporaneidade para defender que o antídoto para a regressão mimética não seria um “retorno ao real”, mas o estímulo a que artistas aprendam a programar para propor uma utilização criativa das imagens produzidas por IA.

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Artigos
Biografia do Autor

Pedro Hussak van Velthen Ramos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Possui graduação em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (1996), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (2000) e doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (2005). É professor Associado IV na área Estética na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), onde foi o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia de setembro de 2015 a setembro de 2017. Além disso, colaborou no Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF) de 2009 a 2020. No ano de 2014, realizou um estágio de pós-doutorado com bolsa da CAPES na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, onde também foi professor visitante em março de 2017. Participou de 2018 a 2022 do programa CAPES-COFECUB "Estética contemporânea: diálogo de culturas, uma parceria entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a Universidade Federal de Minas Gerais e a Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne em cujo quadro pôde realizar vários eventos e publicações. Entre 2018 e 2020 foi coordenador do GT de estética da ANPOF. Entre 2019 e 2021 foi vice-diretor do Centro de Estudos Avançados (CEA) da UFRRJ, assumindo o cargo de diretor no ano de 2023. Publicou vários artigos, além de organizar eventos e publicações na área de estética. 

Referências

Baudrillard, Jean. Simulacres et simulations. Paris: Galilé, 1981.

Chul Han, B. A salvação do belo. Tradução Gabriel Salvi Philipson. Petropólis : Vozes, 2019 (2015).

Flusser, Vilém. O mundo codificado. Tradução de Raquel Abi-Sâmara. São Paulo, Cosac Naify, 2007.

Krauss, Rosalind. Marcel Duchamp ou o campo imaginário. In: O fotográfico. Trad. Anne Marie Davée. Barcelona: Gustavo Gili, 2002.

Mondzain, Marie-José. Le commerce des regards, Paris, Seuil, 2003.

_________________. Imagem, ícone, economia: as fontes bizantinas do imaginário contemporâneo. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: contraponto, 2013 (1996).

Stiegler, Bernard. The discret image. In: Echographies of television: filmed interviews. Translated by Jennifer Bajorek. Cambridge: Polity Press, 2002 (1996).