Entrevista com o Dr. Celso Lafer acerca da recepção da obra da Hannah Arendt

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Marion Brepohl
Jaciel Rossa Valente
Roseli Boschilia

Resumo

A presente entrevista tem como temática a recepção da obra da Hannah Arendt no Brasil e o desenvolvimento de sua fortuna crítica. Empregando a metodologia da história oral com roteiro semiestruturado, entrevistamos o Dr. Celso Lafer, o único ex-aluno brasileiro de Arendt. Lafer foi o grande protagonista no processo de tradução dos livros de Arendt na década de 1970 e 1980. Ao passo que o pensador colaborou com textos significativos para a ampliação da fortuna crítica arendtiana no Brasil em todos os campos do saber. Objetivamos coletar informações, transcreve-las e disponibiliza-las para toda a rede de pesquisadores arendtianos. Assim, concebemos a entrevista como criação de uma fonte histórica inédita sobre a temática.

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Biografia do Autor

Marion Brepohl, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Professora Titular da Universidade Federal do Paraná, possui graduação em História pela Universidade Federal do Paraná (1980), graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal do Paraná (1980), mestrado em História pela Universidade Federal do Paraná (1982) e doutorado em História pela Universidade Estadual de Campinas (1993). Realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Paris I (Sorbonne) e Universidade Livre de Berlim. Desde 2016, coordena o Grupo Direitos Humanos e Políticas de Memória - DIHPOM. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Política, atuando principalmente nos seguintes temas: comportamento politico, ditadura, nazismo, imperialismo e racismo. O enfoque de seus estudos diz respeito ao papel dos sentimentos, das sensibilidades coletivas e da sensibilidade do intelecto como momentos éticos de decisiva importância no atuar dos sujeitos (coletivos e individuais) na esfera pública. A pesquisadora é também uma assídua estudiosa da obra de Hannah Arendt.

Jaciel Rossa Valente, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Licenciado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2020). Beneficiário do programa ProUni (2017-2020). Desenvolveu dois Projetos de Iniciação Científica, respectivamente entre 2017-2018 e 2019-2020, tendo como fundamento a obra de Hannah Arendt. Laureado com o prêmio Marcelino Champagnat (2021). Mestre em História pela Universidade Federal do Paraná (2023). Doutorando em História pela Universidade Federal do Paraná. Membro da Rede Direitos Humanos e Políticas de Memória (DIHPOM). Experiência no setor legislativo. Temas de pesquisa: Hannah Arendt, história da historiografia, paixões políticas, intersubjetividade, memória e políticas de memória.

Roseli Boschilia, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Graduada em História pela Universidade Federal do Paraná (1981), mestre em História pela Universidade Federal do Paraná (1996), doutora em História pela Universidade Federal do Paraná (2002) e pós-doutora pela Universidade do Porto (2012) e pela Universidade Aberta de Lisboa (2017), com bolsa da CAPES. Professora associada nos cursos de Graduação e Programa de Pós-Graduação em História na Universidade Federal do Paraná e do Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais (CEMRI), da Universidade Aberta de Portugal (UAb). Tem experiência na área de História Oral, atuando principalmente nos temas relacionados aos deslocamentos migratórios, sujeitos em condições de vulnerabilidade, memória e autobiografia. Entre as publicações mais atuais destacam-se alguns capítulos de livros, publicados no exterior como: Pequenos viajantes: reflexões sobre o deslocamento de menores da região norte de Portugal para o Brasil no século XIX (Porto, 2014);Memória e subjetividade: as venturas e desventuras de uma imigrante portuguesa (Lisboa, 2014) e As mulheres imigrantes portuguesas sob a véu da invisibilidade: um balanço historiográfico (Veneza, 2017); "A ditadura salazarista e a experiência exílica nas memórias autobiográficas do escritor Alexandre Cabral (2019); "Entre o balcão e os livros: narrativa autobiográfica de um caixeiro aprendiz" (2019); "Quando emigrar é preciso: narrativas autobiográficas sobre a diáspora haitiana" (2019); "Uma história difícil de ser contada: a experiência do deslocamento forçado e os dilemas da memória e do esquecimento (2021. Quando nem tudo pode ser dito: narrativas autobiográficas femininas e as interdições da memória (2023).

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