A natureza política das ações humanas nas primeiras history plays de Shakespeare

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José Dias
Junior Cunha

Resumo

Versa-se, primeiro, sobre o pensamento ético-político do período elisabetano e sobre o contraste entre os preceitos Tudors e o pensamento político de Nicolau Maquiavel. Na sequência, é feito um exame sintético das primeiras history plays de Shakespeare, buscando compreender como o autor aborda a esfera política no início de sua carreira. Conclui-se que os personagens de Shakespeare transitam sobre um território fronteiriço — os quadros sociopolíticos que denotam a luta pelo poder e revelam pressões sociais, privilégios, preconceitos e interesses de classe, é uma amostra do conflito entre as ideias medievais e de um emergente impulso a um novo conjunto de ideias que possam fundamentar a nova forma de ver o mundo; que os personagens de Shakespeare não ocupam posições fixas no encadeamento dos seres e, em alguns casos, agem contra esse ordenamento; e que Shakespeare parece sempre guardar certa distância de um preceito hierárquico taxativo e de uma obediência incondicional a quem quer que seja.

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Biografia do Autor

José Dias, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

Licenciado em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo - RS (1996) e Bacharel em Teologia pela Unicesumar (2014); Especialista em Docência no Ensino Superior pela Unicesumar (2015); Mestre em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano, Roma, Itália (1992); Mestre em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano, Roma, Itália (2006); Doutor em Direito Canônico também pela Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano, Roma, Itália (2005); Doutor em Filosofia também pela Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano, Roma, Itália (2008). Pós-doutorado em Ciências Sociais na UNESP (Campus de Marília-SP), projeto n 3761. Atualmente é professor Adjunto "D" da UNIOESTE, no Campus de Toledo-PR, onde foi Coordenador do curso de Licenciatura em Filosofia (de 12-2017 a 12-2021); pesquisador do Grupo de Pesquisa ÉTICA E POLÍTICA, da UNIOESTE, CCHS, Campus de Toledo-PR; Líder do grupo de pesquisa CRISIS da UNIOESTE, CCHS - Campus de Toledo-PR; parecerista de revistas filosóficas, teológicas e jurídicas.

Junior Cunha, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

Psicanalista Clínico. Gerente Editorial do Instituto Quero Saber. Aluno regular do Doutorado em Filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Bolsista CAPES). Mestre e Licenciado em Filosofia pela mesma instituição. Desenvolve pesquisa nas áreas de Filosofia, Teoria Literária e Teatro com enfoque em William Shakespeare. Escreve e publica, sobretudo, nas áreas da Filosofia Política e da Ética. Membro da Academia de Letras de Toledo (Cadeira 18) e dos grupos de pesquisa, credenciados ao CNPq: Ética e Política; Crisis; e Quiasma: filosofia, ciência e arte.

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