O espírito é um estômago! Uma crítica fágica do perspectivismo espumológico de P. Sloterdijk
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Resumo
Partindo de uma provocação de Eduardo Viveiros de Castro sobre a incompatibilidade entre povos indígenas e não-indígenas a respeito da dicotomia Natureza–Cultura, e tomando a rizomática de Gilles Deleuze e Félix Guattari, bem como o perspectivismo de Friedrich Nietzsche, como pontos de apoio, pretendo, neste artigo, articular uma crítica “fágica” do tipo de perspectivismo proposto por Peter Sloterdijk como descrição da dinâmica de coabitação morfosociológica do capitalismo tardio, condensada na metáfora topológica da “espuma”. Para isto, será necessário abordar a apologia sloterdijkiana das “Grandes Narrativas” e a apropriação feita pelo autor dos conceitos deleuze-guattarianos de “geofilosofia” e “rizoma” e nietzscheano de “perspectiva” para, em seguida, explicitar o caráter “fágico” do perspectivismo nietzscheano como limite da “espumologia” sloterdijkiana e como modelo alternativo possível de ontologia pluralista.
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